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28 fevereiro 2010

Voando alto como Ícaro



Pensava em ser livre, e, percebeu em si, o sentimento de Ícaro. Sentia vontade de voar. Sonhava voando muitas vezes, e, em sonho saia do chão impulsionando o corpo, para cima, para baixo e para os lados, sem nenhum esforço e sem equipamentos inventados pelo homem.
Voar como pássaro, e, sem bater asas. Sentindo a massa gasosa e podendo enxergá-la, como certamente enxergam as aves plantadoras. A massa gasosa é levemente rosada para contrastar com as cores das matas e do céu.
Queria viver o presente, sem pensar num futuro próximo ou distante. Queria ter um tempo único e exclusivamente seu. Subia alto no sentido do infinito, em busca do céu azul. Não estava sonhando. Podia realmente voar, e voava.
Sentia a brisa no rosto e o ar cada vez mais rarefeito. A temperatura caia a cada dezena de metro que o corpo ascendia. Não havia frio no corpo, só prazer. Quando o ar ficou ainda mais frio, o sentimento de Ícaro fortaleceu. Por várias horas não encontrava razão para olhar para trás. Por um momento quis olhar para baixo. Admirar a paisagem. Achou melhor não. O desejo de subir era mais forte, mesmo querendo, não olhava.
Simplesmente subia pelo prazer de ir em frente, e fazer coisas que queria e não podia antes. Desafiar o desconhecido, conhecer coisas novas que surgia a sua frente a cada instante.
Parou. Porque parou? Perguntava-se. Não tinha resposta. Não precisava responder o porquê de suas ações. Era livre. Ainda sem responder, observava que a vida lá embaixo, passava devagar e em miniatura, quase insignificante. Sentia-se feliz. O passado estava distante invisível e muito mais abaixo. Inexistente talvez.
Tentava compreender o sentido de observar à distância sem pertencer às tramas da vida e sem coexistir naquela dimensão. Não conseguia. Estava perto do céu e, como Ícaro, sentia-se uma estrela. Sempre fora uma estrela. Só não se dava conta do poder de admiração que provocava. Afinal, também era amado e belo como uma manhã de primavera.
Autora: Regina Michelon